24 Aug 2015

Tão queridos que eles são


O senhor José Mendes do JN anda aborrecido.
Não está a ser escutado como ele queria, com atenção e desvelo.
Vamos ler

Longe vão os tempos em que o diálogo entre políticos e cidadãos se processava segundo códigos conhecidos e observáveis. No passado, com mais ou menos intriga, a mensagem era passada pelos canais tradicionais, o que significa que os "gatekeepers" sabiam onde se posicionar e como escrutinar. Este foi sempre o serviço por excelência dos jornalistas, razão pelo qual são, muito justamente, reconhecidos como guardiões de uma certa verdade, indispensável ao bom funcionamento de uma sociedade. Esta realidade, porém, mudou dramaticamente nos últimos dez anos. Hoje, os canais são mais complexos, os emissores das mensagens multiplicaram-se e têm a possibilidade de se travestirem. O que antes se identificava como fluxo adquiriu agora a forma de nuvem.

Os senhores jornalistas sempre se acharam com um direito divino de esclarecer o povinho, traduzindo de português para português as notícias para o respectivo povinho as perceber melhor, já mastigadas não fosse o mesmo engasgar-se.
Mas os tempos mudaram e agora as notícias vêm de todos os lados e os pobres coitados só têm duas mãos (alguns por acaso até usam os pés) e assim desesperam porque as pessoas começam a pensar pelas suas próprias cabeças.
O senhor Mendes sugere um remédio.

Dando como certo que estes são os novos contornos da comunicação, a pergunta legítima é a de sempre: quem modera tudo isto? Quem ajuda o cidadão comum a separar a campanha da anticampanha? Direi que é a hora dos jornalistas, como muito bem o fizeram em todo o século XX, se chegarem à frente e nos mostrarem que são, ainda e sempre, uma das nossas mais importantes salvaguardas.

Coitado.

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