12 Oct 2011

A entrevista do Milénio



CFA entrevistoualmoçou APV.

Podia ser um choque de titãs visto que nos respectivos campos e noutros são dois dos maiores vultos mundiais.
APV para quem não saiba é o maior (deve andar pelo metro e oitenta e seis) cineasta português que melhor sabe explicar como é que os franceses fazem grandes filmes.
Nesta entrevista ataca várias frentes e monta o seu grande cavalo de batalha, quer todos os filmes dobrados (não se assustem já esteve num Governo e nunca mais lá voltará, graças a Deus).

Queremos ouvir o Bogart (afirma CFA)
Com aquela voz de merda. O Cardoso Pires acabou a intervenção dele a dizer: já imaginaram o que seria o Orson Welles dobrado pelo Rogério Paulo. e APV contrapôs " já imaginaram um filme português estreado no Estados Unidos em que o Rogério Paulo fosse dobrado pelo Orson Welles. O gajo (Cardoso Pires) pegou no microfone e disse "Touché (não foi dobrado), retiro tudo o que disse.

No Sempre Fixe vinham piadas que faziam rir menos.

Porque é que as pessoas preferem filmes americanos aos europeus? Porque é que eles têm essa eficácia?
Roosevelt (1882-1945) cortou a programação vertical e práticas lesivas da concorrência. É na distribuição que está o poder.

Portanto quando for ver um filme americano e venha de lá todo contente agradeça a Roosevelt e perceba que não tem nada a ver com a qualidade dos actores, realizadores, história etc.
Lembrei-me e se com cada par de sapatos enviássemos também um DVD com a última pérola lusa?

É o teu Leopardo?
Fui tão atacado pela crítica que essa porta fechou-se. Fui lixado no IPC por uma criatura sinistra chamada Salgado de Matos. Em Portugal dependes totalmente do Estado, o Estado não tem que se meter nisto. É um resquício de fascismo. E essa gente é anónima.
Há filmes que não têm mil espectadores.

Resumindo o estado deve espatifar o dinheiro para que os criadores criem obras que ninguém vê. Esta ideia de que um artista deve viver não do que produz mas dos meus dos seus de todos os nossos impostos cresce como cogumelos selvagens numa floresta.

Gostava que me desse a tua opinião sobre o ecrã negro de João César Monteiro. Eu vi um ecrã e não me acho destituída (que humilde).
Não com dinheiros públicos. Esse foi o filme que pior fez ao cinema português. O César era louco e mau mas como dizia o Pascoaes do Camilo tinha um génio na cabeça. O César só se sabia filmar a ele próprio. E de repente descobriu que não era o protagonista e não foi capaz de filmar.

Esta resposta está cheia de mentiras.

Tens uma comissão de avaliação do serviço público.
É como se me convidassem para uma comissão para discutir botânica. Ridículo. A maioria desses senhores nada sabe.
Porque é que um grande grupo quer uma televisão? Não para ganhar dinheiro é para ter poder.
Recomendo ao ministro Relvas se sabe francês que leia "TF1, Un Pouvoir".
Para que serve um telejornal numa privada? Não é para informar. Serve para fixar o espectador ao prime-time e para marcar a agenda política.
Podes criticar a televisão pública mas é a única que não tem novelas.

Vamos então ao final uma espécie de Minueto.

Parece inevitável que a RTP seja privatizada. O regime já decidiu.
Não vão privatizar a RTP nem que eu faça de Martim Moniz!

É claro que o maior cineasta português não tem que saber de história mas é só para lhe lembrar (e à Clarinha) que M&M ao entalar-se numa das portas do castelo de São Jorge e morrendo por isso provou exactamente a conquista do mesmo.
Vai abrir todos os telejornais APV entalado na porta de acesso à Administração da RTP bebendo um whisky e lampeiro o homem que talvez não saiba francês a aproveitar a boleia.

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