21 Aug 2007

Bem prega Frei Tomás


Miguel Sousa Tavares (MST) é o Ai Jesus das mulheres portuguesas.
Oficia numa estação de televisão muito perto de si e escreve em dois jornais.
Tem opiniões definitivas sobre tudo e sobre todos.
É o único escritor vivo que se auto-plagia.
Tem uma meia dúzia de ódios de estimação que mete alternadamente em todos os artigos, pois a ordem dos factores é arbitrária.
São eles, o tabaco, a caça, o Algarve, os construtores civis, as Câmaras, Alberto João Jardim e os impostos.
Embora fale sempre mal dos políticos nunca aceitou um cargo público.
Embora fale mal dos que criam riqueza nunca teve uma empresa, nunca criou um posto de trabalho, na verdade nunca trabalhou.
Mentira, dirigiu A Grande Reportagem que faliu.

Mas MST é um homem rico, aliás já o era antes de nascer pois a sua família pertencia à alta burguesia portuense.
E como pessoa rica que é resolveu empregar as poupanças onde muito bem entendeu e entre outras aplicações comprou cinquenta e tal mil euros de acções .
Fez muito bem, acredita no mercado e valoriza as suas poupanças.

Neste fim-de-semana resolveu escrever sobre os ricos, os outros.
E que diz ele?

… faz impressão pensar que, enquanto os trabalhadores por conta de outrem e a generalidade da classe média e média-baixa viu os seus rendimentos subir entre zero e três por cento no ano passado, os cem mais ricos aumentaram a sua riqueza em 36%. E fizeram-no essencialmente através da bolsa - ou seja, não pelo desempenho das suas empresas, não pela criação de riqueza para o país, mas sim através da simples especulação com o dinheiro.

É impressionante como uma pessoa que devia perceber um bocadinho de Bolsa, afinal investe lá uma parte significativa das suas economias, não consegue compreender dois ou três conceitos básicos.
Então a Galp ou a Sonae por exemplo valorizam-se em bolsa e ele acha que isto é especulação e não uma valorização real das empresas.
Ora se as empresas se valorizam assim valorizando o capital dos pequenos accionistas será lógico que os maiores accionistas vejam o seu património aumentar na mesma proporção.
Será isto crime?
Então se é porque é que MST não vem lamentar as perdas que também aconteceram e que num dia penalizaram Américo Amorim, entre outros, em centenas de milhões de euros?
Uma bolsa saudável e dinâmica é o que de melhor pode acontecer a uma economia e claro que é saudável que todas as maiores empresas lá estejam cotadas, até porque é muito mais fácil a sua auditoria.
Será que MST não sabe isto.

Já me esquecia, ele também gosta imenso de falar mal dos lucros dos Bancos.
O que eu quero, é que o Banco do qual tenho acções, nunca o nomeie para nenhum cargo executivo.
Não gosto de perder.

3 comments:

Anonymous said...

Aqui está um assunto que a minha cabeça loira não consegue perceber. A ideia que tenho é que o mercado é uma entidade semelhante a Deus. Existe , mas , ainda ninguém o viu. Depois tem uns sacerdotes , os correctores , e umas igrejas , as empresas. Parece-me tudo do âmbito do imaginário , ainda que tenha consequências reais ,tal como as guerras santas.
Não sei , parece uma invenção masculina para a brincadeira e vem fundamentar que o vil metal é o deus dos nossos tempos. Até tem uma parte esotérica , pelo menos para mim.
Agora , Fado , por causa da história da Somague , que é que acha do integral financiamento dos partidos por parte do Estado?
Um valor base , e um tanto por cada militante , ou votante nas últimas eleições?

Anonymous said...

Este gajo, que dá uma no cravo e outra na ferradura há muito tempo (esperto!...É assim que se vai longe nesta terrinha...) disse hoje na TVI que aquela coisita lá dos anti-trangénicos não tinha importância nenhuma e que a GNR actuou muito bem. E se o milho fosse dele? E se a propriedade fosse dele? Há gajos com muita lata e muito descaramento... e têm voz nas televisões, põem cara de maus, falam grosso... a mim, metem-me nojo...

fado alexandrino. said...

Muito obrigado

Anonymous disse...
Um assunto de tal maneira interessante que proponho-me fazer um post sobre ele.

Luis M. Amaral B. Quintas disse...
Um verdadeira infâmia. Mal acreditava no que estava a ouvir.
Conforme disse, e bem, é assim que se vai longe.