26 May 2007

Grave greve


No início as greves eram feitas para pressionar o patronato.
Os empregados deixavam de trabalhar e portanto de produzir e o patrão ou recuava ou conciliava na medida que tinha espoletado a ira dos trabalhadores.
Por vezes a conciliação tornava-se impossível e normalmente o que acontecia era simplesmente os trabalhadores perderem o seu posto de trabalho.
Claro que o patrão também perdia o seu rendimento.
Parece-me uma vitória pouco gostosa.

Em Portugal há, pelo menos três classes de greves.

A tradicional cujo melhor exemplo é a da Opel da Azambuja.
Ficou muito bem nos telejornais, os senhores das comissões de trabalhadores foram entrevistados, disseram da sua justiça e agora estão todos no desemprego.

A segunda é quando não há patrão.
É o caso de, por exemplo, a Carris o Metro a CP o Funcionalismo, etc.
Não há patrão, não há contas a apresentar, ninguém é responsável, nenhuma das entidades vai criar desemprego (que aliás é proibido por lei), as empresas deste tipo dão milhões de prejuízo coberto pelo Orçamento de Estado, é tudo portanto uma espécie de ópera bufa em que todos sabem de cor os seus papéis.

A terceira é a greve contra o governo.
Aqui nem há patrão nem empregados. É um nevoeiro.
Dois pormenores.
Só conta o impacto que tiver em Lisboa, o resto é pura paisagem.
E o que é preciso é que as empresas que transportam centenas de milhares de pessoas por dia para os seus empregos não funcionem e para isso são necessários apenas umas centenas de trabalhadores.
Cuja função é prejudicarem da maior maneira possível a vida dos outros trabalhadores.

Parece esquisito.
Mas é assim que funciona.

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